Como soube, ainda criança, que lhe deixaria estas páginas,
tudo o que agora lhe escrevo é, propositalmente, baseado em minha experiência
pessoal que engloba o que estudei, o que aprendi sozinha e através de outros
médiuns. Sei que há estudos científicos sobre a mediunidade, mas não chegaram a
mim até a presente data por mais que os desejasse. Sou a primeira a dizer: vá
atrás deles e leia tudo o que lhe cair nas mãos. Você não faz idéia de quanto
lhe fará bem poder conversar sobre tudo, e ser difícil de ser enganado.
Relevante mesmo é saber que está sendo sacaneado, pois, A VERDADE VOS LIBERTARÁ
e isso só ocorrerá através do conhecimento e da sensibilidade.
A mediunidade é, pois, a capacidade de mediar dois pontos. É
o que fica no meio, não pertencendo a nenhum dos dois pontos e, sim, contendo
ambos em seu domínio. Isso lhe parece familiar? Parece-lhe matemática? Tipo
conjuntos? Inclua matemática nos seus domínios se quiser saber o que lhe
acontece. Não estou brincando, não. Conceitos de matemática, física, química, e
não de religião, mitologia ou filosofia, irão fazer toda a diferença, pois
estes três últimos não estão dentro do seu corpo, mas os três primeiros sim. A
mediunidade é o que o médium tem e a palavra médium, no dicionário, é aquele
que faz a comunicação com as almas dos mortos. Isso é tudo o que lá está.
Importante realçar que a mediunidade é involuntária. O
médium nasce com a capacidade física de servir de ponte entre o mundo de
ligações predominantemente carbônicas e estruturalmente “rígidas”, e o aquele de
n-ligações, de estruturas menos “rígidas”, que não são perceptíveis aos
glóbulos oculares desta espécie homo-sapiens. Poderíamos, mesmo, afirmar que perdemos
a capacidade ocular que não era algo necessário à sobrevivência da raça. Todavia,
continuarei pesquisando para entender se o problema foi com o globo ocular, com
a recepção cerebral ou se estamos vendo e recebendo da mesma forma que o homem
primitivo ou estamos somente arquivando a informação, sem dela tomarmos
conhecimento no consciente, ou seja, estando “acordados”. Aguarde que
oportunamente voltarei com essa informação.
Em outras palavras, o médium é você, a mediunidade é aquilo
que não te deixa dormir, que não resolve problema algum e faz que você seja
capaz de saber de onde veio e para onde vai. Ah! Aquele buraco...
Tanto faz se você acredita ou não, no que vê, mas faz toda
diferença o que você faz com isso. É indiferente se você partilha com outros ou
não. Isso é uma decisão pessoal, mas como você está lidando com a informação
que você recebe sobre os outros, isso é o que vai fazer sua vida virar um
inferno ou não. Alias, já tendo confirmado que certo racismo paira sobre o
assunto, a parte cretina da historia toda é que a mediunidade é tão simples e
tão complicada como a sexualidade, o amor, a saúde e até o dinheiro. Não a
subestime nem superestime. Já há muito tempo, os grandes mestres diziam que o
ser humano perfeito é aquele capaz de se manter equilibrado em tudo, desde a
alimentação até as emoções. O próprio Salomão afirmou que no tempo dele não
havia nada de novo sob o sol e isso há uns três mil anos. Todos eles estavam
certos.
Há mediunidade com diferenças? Bem, se considerarmos que
cada pessoa no planeta é um ser diferente, reagindo de formas diversas, e que
Deus é bem criativo, existem infinitos estados de mediunidade. Considerando a
diversidade de dimensões, o que também faz diferença, a conta dá um resultado
ridiculamente imenso. Todavia, somente alguns tipos de mediunidade nos
interessam na realidade do dia a dia. Tudo que você conhecer fará diferença
entre se machucar ou machucar o próximo. Você terá de prestar atenção nos tipos
principais de mediunidade com suas variações, pois, terá contato com muitas
outras pessoas nesta vida, inclusive o jornaleiro, seu marido ou esposa,
sogros, patrão, empregado, e saber o que eles são, o que é você, e tornar sua
vida melhor.
Os tipos de mediunidade que ocorrem com mais frequência são:
Os
cinco sentidos mediúnicos,
pelos quais a pessoa tem a capacidade de ver ouvir e, em alguns casos mais
complexos, até sentir o tato e o odor. Normalmente o médium nasce com estes
atributos, mas estudei outros de pessoas que, após um acidente grave, com coma
e/ou morte clinica começarem a ver, ouvir e sentir depois de voltarem destas terríveis
experiências. O oposto também é comum como quando crianças com essa capacidade
perdem a sensibilidade com o avançar da idade, ou de uma agressão física e/ou
mental durante sua fase de crescimento, mas isso não as torna não-médiuns.
A
capacidade de viajar no tempo passado e futuro é outra categoria. Nunca soube de pessoas que só pudessem
ir para o futuro e não para o passado. De posse de um objeto pessoal de alguém,
este tipo de médium consegue ver o passado, o futuro e o presente, em especial
os fatos mais marcantes. Com essa mediunidade bem treinada, estas pessoas podem
ajudar até em casos policiais. Falaremos melhor disso depois, pois a visão está
condicionada à “autorização” do que pode ser visualizado sobre o indivíduo ou
acontecimento, e do que pode ser falado. Ver ou saber algo nem sempre conecta
com autorização para falar.
Incorporação é a mais controversa e complexa porque envolve a pessoa que
a recebe e a que a promove. Trata-se do individuo que ocupa o corpo do médium
por um período de tempo. Neste tipo de mediunidade está incluída a psicografia,
a possessão e tudo o mais que a pessoa sozinha não consegue fazer. Aqui vou
fazer uma pausa para falar de uma forma que não usaria normalmente. Porque é o
mesmo que falar para uma pessoa em estado de virgindade sexual, e todo mundo já
passou por isso. Sobre a incorporação, é melhor experimentar do que ouvir falar
a respeito, se você está curioso. Todavia, como entendo a curiosidade que
existe de querer experimentar, vou lhe contar o que senti sobre a incorporação.
A primeira vez é estranha, sente-se dores e muito mal estar.
Como é uma experiência em que 99% das vezes haverá mais do que três pessoas presentes,
é um momento ruinzinho porque ‘tá todo mundo olhando’. Você sente vergonha por
não entender o que está ocorrendo com o seu próprio corpo, pois as reações são
bem esquisitas e tem que ter muito peito para deixar isso ocorrer mais vezes. Eu
não nasci com esse tipo de mediunidade. O ‘touro’ veio bem devagar, mas conheci
casos que me inspiraram muito respeito envolvendo o corpo. É pior que emprestar
roupa íntima porque você estaria emprestando o que fica dentro da roupa!
O mal estar é algo que permanece por muito tempo. Ele
acontece sempre que uma entidade bem maior que você, em tamanho e/ou força,
incorpore. É algo que pode machucar, e é assunto a se tratar com muita cautela.
Acredito, com minha experiência, que menores de 30 anos não deveriam lidar com isso,
mas existem os que já nasceram com esta faculdade que geralmente se manifesta
na puberdade e exigem a presença de pessoas experientes para acudi-la. Assim
como a primeira transa, se a primeira vez não for traumática, as demais serão promissoras.
Apesar da minha natureza tensa, depois de conseguir vencer o
medo e relaxar, a entidade que ‘emprestou’ meu corpo era a velha rainha mais
maravilhosa desse mundo, era a grande avó de todos. Foi muito bom ver alguém de
tanto respeito me ensinando a cuidar de mim mesma. Por isso aceitei a
incorporação inclusive para vencer um tabu e ver no que dava, mas nunca
imaginei que tal experiência fosse me ensinar tanto, pois ceder o próprio corpo
é um ato de humildade. É verdade que está humildade possa dar espaço para inconsequência.
Todavia, com estas experiências cresci muito.
Devo dizer que quando incorporo permaneço consciente, ou
seja, ao incorporar, “fico de lado”, observando. Isso foi ótimo porque fui apreendendo
e me maravilhando ao ver um braço meu não me obedecer e de perceber como os
Outros falavam sobre assuntos que eu não tinha condição de saber. Infelizmente,
estou perdendo a capacidade de ficar “de lado”, ou seja, com mais uns anos
provavelmente não verei nada, parecerá que estive dormindo, vamos ver. Sempre
há um mal estar que precede a incorporação. Isso não é ruim, aprende-se a com
ele conviver.
A mediunidade de incorporação de nascença, que
se apresenta na tenra infância, é uma condição que está ficando cada vez mais
rara. Trata-se de médiuns com muita força magnética em seus campos físicos e
espirituais e que, consequentemente, sofrem muito durante suas vidas. Conheci
pessoas que tiveram a primeira experiência de incorporação aos nove anos. Elas
não tinham controle algum, ou muito pouco, a respeito de quem, quando e como
poderiam incorporar. Para obter este controle é necessário muito trabalho e
empenho sempre pensando haver equilíbrio. Elas sofrem fisicamente, pois se
forem incorporadas por um obsessor agressivo, seus corpos poderão ser
machucados.
A mediunidade é hereditária, o órgão dela é o cérebro e a
nossa medicina irá descobrir o ponto exato onde está a bendita antena, que pode
ser pequena, tipo radinho, ou melhor, MP3, ou ser aquelas do tamanho de um
fusca. As leis que determinam os fatores recessivos, dominantes, autossômicos,
reincidentes, enfim, leis de hereditariedade são as que regem os tipos de
mediunidade. Você não precisa conhecê-las a fundo, se quiser apenas com elas
conviver. É preciso saber que se você e seus pais tem o fator dominante, aquele
seu irmão que não possui mediunidade, poderá parece uma parede, principalmente
na hora de conversar, ou ele tá fingindo de boi sonso e aos trinta anos poderá
se revelar o grande feiticeiro da Babilônia. É o fator recessivo, ou seja, ele
porta o gene da mediunidade mas não é médium.
Participei de um caso onde numa criança a mediunidade estava
se abrindo rápida e violentamente, tendo em vista a separação dos seus pais
quando tinha apenas nove anos de idade. Decidiu-se que era uma situação
prematura e foi realizado um procedimento para que isso fosse fechado naquele
momento, para mais tarde ser aberto. Quatro anos mais tarde, pude perceber que
a mediunidade precoce tinha sido um ato divino para proteger aquela criança de
coisas piores. Não deveria ter sido modificado o curso natural específico dela.
O Criador sabe, bem melhor que nós, os momentos certos para tal e é muito
difícil aceitar o que é estranho já que não enxergamos o Todo. Esse menino não
se beneficiou da intervenção realisada. Os problemas que ele teria enfrentado naquela
ocasião não seriam piores do que aqueles que veio a enfrentar depois. Eu,
pessoalmente, não mais intervenho em casos desta espécie. O que pode ser feito para
a pessoa em tal situação é apoiá-la com muita atenção e sobreaviso.
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