Não é só a mediunidade que trás dificuldades à vida de uma
pessoa. Evidentemente que não se precisa ter a condição mediúnica para se ter
problemas na vida. A questão é que, até agora, não pude provar que a
mediunidade é importante para a evolução da nossa espécie (nem de nenhuma
outra). Também não consegui provar o contrário, que isso seria um entrave para
o desenvolvimento humano. Acredito mais na primeira hipótese, pois é muito
sofrimento para um ‘resultado’ duvidoso, considerando que esta dimensão não é
sempre fácil de engolir e em outras não há necessidade de mediunidade.
Sou totalmente São Tomé: preciso ver, ou sentir, para crer.
Muitas pessoas fazem a perguntinha básica: “como é possível você acreditar
nisso se não viu?”. Eu vi sim, estive lá, vi vidas passadas, minhas e de outras
pessoas, consigo visualizar o futuro, vejo e escuto pessoas que Lá habitam.
Como eu posso ter certeza? Passei por três psiquiatras, e nenhum deles
diagnosticou em mim patologias, como a esquizofrenia, que ouve e vê coisas que
inexistem.
Sinceramente falando, gostaria muito de me livrar desse
peso, mas algo me impede dizendo que isso é parte do que sou. É a minha
história, desta e de todas as vidas anteriores que consegui enxergar. Como eu posso
jogar fora algo que está comigo há 25.000 anos, se nem jogando um copo de papel
pela janela do carro eu consigo, sem sentir-me mal? Ah, mas jogar lixo na rua é
antiecológico, é feio, é ruim. Sim, da mesma forma não consegui provar que a
mediunidade deva ser jogada fora. Aliás, por falar nisso, os melhores médiuns
que conheci são muito ecológicos, pois enxergam a luta dos protetores da Terra
para proteger o meio ambiente dos depredadores e não se consegue ver isso sem
se engajar.
Outro empurrão que tive para trabalhar minha condição
mediúnica em níveis mais completos foi o exemplo que minha família mostrou do
tipo ‘não-faça-o-que-faço’. Sou testemunha de como suas vidas foram
incrivelmente bagunçadas por isso.
O meu lar não é na Terra. Pude ver de onde vim, e
convenci-me que minha raça não é terrena. Estou na condição humana há muito
tempo, mas consigo lembrar vidas anteriores a isso. Todos sabem como é lembrar-se
da infância, ou de algo muito bom que ficou pra trás ou de alguém a quem amou
muito. A diferença é que me lembro de muito mais coisas que normalmente se
costuma lembrar. Lembro-me de 14 infâncias, 14 casamentos, 14 maneiras de
morrer. Ninguém merece lembrar de mais de um ex-marido, mas eu me lembro. O
aprendizado cresce, mas a responsabilidade se amplia. Não consigo ‘deixar o
passado para lá’, nem acredito que um soldado esqueça a guerra ou uma pessoa
esqueça como foi bom casar com outra maravilhosa.
Não esqueci o cheiro da guerra nem o sabor de cada amor que
tive. A situação vem crescendo com os anos, pois, ao contrario de lembrar-me do
que ocorreu quando era criança, e vir esquecendo com a idade, lembro-me mais e
mais. Você já foi a um lugar em que já esteve há muito tempo e, ao entrar, passa
a lembrar-se do que aconteceu ali e com quem esteve? Bem, com os anos, estou
vendo mais lugares e conhecendo mais pessoas. Como minha alma é velha para os
padrões espirituais porque já encarnei muitas vezes, mas muitas mesmo, conheci
bem este mundo e muuuuuita gente. Então, estou lembrando cada vez mais,
inclusive o que ocorreu comigo nesses lugares.
Não me traz felicidade ver que pessoas que amei, ou admirei,
ou filhos, que eram alegres e tinham uma vida feliz, são uns idiotas e estão
cometendo erros que não teriam praticado antes. É como se pudessem “emburrecer”
com o passar das vidas. Machuca demais não poder dizer que fui mãe ou mulher,
ou amiga numero um deles, e que estou sofrendo com o que estão fazendo. Sou a
testemunha das pessoas maravilhosas que eles são e quero ajudar, apenas
conversando, ou estando ao seu lado para o que der e vier, mas que o que estão
fazendo não é digno do ‘amor de pessoa’ que sempre foram. Por duas vezes passei
pela experiência de não conseguir me conter ao ver desgraça tão grande. Não
ganhei a compreensão por parte de quem estava alertando por terem interpretado
meu gesto como intromissão em vida alheia.
Visto pela perspectiva mediúnica, minha família é bem maior
de que os olhos terrenos possam enxergar. Tenho muitos amigos e número maior
ainda de inimigos. Alias estes últimos não compreendem quando não lhes digo que
não quero amizade com eles nesta vida, pois, sei o que com eles ocorreu em
vidas passadas e vejo os riscos de não haver entendimento entre nós na vida
atual. Por respeito me afasto, aguardando o dia em que um entendimento venha a
ser possível, e esse distanciamento é tido como desrespeitoso. Mais que isso,
como frescura ou prepotência da minha parte. Perguntam: “Como, por que motivo
ela não quer participar do meu círculo social”? Um conselho: não tente dialogar
com antigos inimigos. Eles não irão acreditar em você. Só se for para poder
chegar perto o suficiente para feri-los, pois, não irão lembrar-se do que
aconteceu em vidas passadas, mas o odeiam da mesma forma.
Pode parecer paradoxal, mas saber da existência desta
família maior, conhecer o amor incondicional, saber onde está a Luz, está me
trazendo muita solidão. Talvez eu esteja agindo como a índia da historia da
ursa para explicar por que o ser humano perdeu a capacidade de lembrar de
outras vidas. Veja o mundo de hoje com a globalização. Garanto-lhe que nunca vi
um tempo tão solitário para cada ser humano. Antigamente povos não se
misturavam, era extremamente importante a integração entre as pessoas, pois,
não havia aposentadoria, saúde pública, TV, creche... A escravidão humana só
fez crescer e se esconder, dentro dos lares que quase não existem mais, e das
sociedades que se autodenominam justas. Eu vi vários finais de eras bem mais
violentas que esta e catástrofes naturais horrorosas, mas nada como hoje, onde
estão presentes a solidão, o descaso, o desencanto, a desilusão e a desesperança.
Não tem sido nada fácil lidar com as tragédias que vejo
chegando e viver com as que já estão acontecendo, pois as que já passaram estão
tomando ainda muita energia minha, o que não me lembro de ter visto
anteriormente. É verdade que havia guerras, matança de crianças, estupro de
mulheres e homens, mas quem sobrava, se levantava, ia lamber suas feridas e viver.
Hoje, lamber feridas está impedindo de se viver, pois, não estão cicatrizando.
É como se a humanidade estivesse cansada talvez das suas feridas, de lambê-las
ou talvez das duas coisas.
Dizem que se as coisas não andam bem é porque ainda não
terminaram. Tá bom, conta esta história pra outro. Há certas frases que são tão
maravilhosas que gente do “deixa disso” as usa o tempo todo. Ocorre,
entretanto, que não mais ajudam. A palavra não tem mais credibilidade por que é
dita sem conhecimento de causa, sem verdade vinda do coração. Você não é
obrigado a ouvir coisas assim. O melhor “deixa disso” que já ouvi foi de quando
algo doer faça da seguinte forma ponha as mãos na cintura, barriga prá dentro,
peito prá fora e grite bem alto F#D&*! Depois vá tomar uma cervejota, ou um
suquinho, enquanto for menor de idade, e pronto ficará bem.
Falando sobre a presença de “gentes mortas”, não me lembro,
nesta e em nenhuma outra vida em que não tenha envolvido as entidades, com as quais
ainda convivo, nas minhas decisões. Por dois motivos: elas não largam de mim e dizem
que também não largo delas, mas isso é intriga da oposição porque acabam
estando presentes em todos os momentos, próprios e impróprios da minha vida.
Não adianta ir contra, pois, seriam o tipo de inimigos aos quais você deve se
unir, pois não pode vencê-los. Há um simples motivo que concorre para isso...
Eles têm todo tempo do mundo. Estão vivendo a mais tempo do que a Terra existe,
inclusive os mais bravios e conhecem o Tempo melhor que nós, que ainda estamos no
jardim da infância, achando que domingo ainda está muito longe. Nunca valeu a
pena discutir com eles. Dizer: ‘olha, a coisa tá demorando pra endireitar e
estou meio que sofrendo e isso tá me deixando deprê e eu tô meio que perdendo a
calma!’ Eles realmente não se incomodam.
Se você já tem idade para cuidar de crianças, sabe que elas
pedem coisas o tempo todo e, de inicio, você corre pra saber se o choro é
prenuncio de morte eminente. Depois de umas dez corridas, você vai atendê-los,
mas com calma. Finalmente, você passa a entender que elas sempre querem alguma
coisa, e de dez uma, apenas, é relevante. Não mais irá correr para atender tudo
quanto é porcaria de chamado que os pequenos piarem. As entidades guardiãs
fazem o mesmo conosco porque somos uma raça ainda infante e elas sabem que sempre
estaremos pedindo. Já passaram por tudo, evoluíram, estão muito bem e, para
elas, não devemos nos preocupar porque num dia desses tudo vai dar certo.
Esse é o outro lado da moeda: aqui no planeta Terra somos os
clientes e o cliente sempre tem razão. Afinal, as entidades estão aqui porque
nós existimos. Caso contrário, eles estariam em Júpiter, ou outro planeta,
cuidando de alguém naqueles mundos. Ninguém deve abrir loja sem clientela à
vista. Até hoje não vi loja de pedra-pomes no Pantanal, para os jacarés da
região. Assim sendo, se a coisa não vai bem, quem tem direito à reclamação é o
cliente. Pois é, a coisa funciona do mesmo jeito com o espiritual, o astral, o
Outro Mundo. Somos clientes mas somos crianças no jardim da infância. Os
patrões tem todo o tempo do mundo. Sabendo dessa realidade, você entende o
mecanismo existente por trás dos pedidos atendidos ou não? Todas as rezas,
pedidos e desejos são ouvidos, acredite-me. “Cuidado com o que pedes, pois seu
pedido poderá ser atendido”.
Sobre isso tenho uma historia para contar, bem básica, mas
que acontece o tempo todo. Quando adolescente, fazendo panca de gente adulta,
passando maquiagem para parecer mais velha (hoje passando maquiagem para
parecer mais nova), vendo que meus protetores podiam me passar alguma
informação privilegiada, eu me engracei por um rapaz. Bem astuta, pedi,
gentilmente, que me ajudassem a conquistá-lo. Nada especial, era um bonitinho
da vida. Não deve ter sido difícil, pois além de eu ser nova, e tudo que é novo
é uma gracinha, o rapaz não era muito forte mentalmente. Oh! Deus, como eu me
arrependi de ter pedido ajuda. Ele era uma mala, um insosso e deu muito trabalho
para devolver! Os bons protetores riram a beça, aliás, até hoje riem de mim se
menciono o caso, e tive de me virar sozinha, pois parece que não há
departamento de devoluções. Como eles gostam de passar esse tipo de lição, ficam
de butuca, esperando sua inocência agir, como se tivessem raiva disso, ou que o
mundo deles fosse chato e eles só precisam tiram um sarrinho em cima de
coitados que estão encarnados, sem lembrar-se do que foram. É, mas como nos
proteger Deles quando se divertem com nossos erros? A maioria ri de dó, mas uns
riem de prazer, chegam mesmo a encher seus olhos de lágrimas. Às vezes costumo
pensar que seremos eternos calouros, bichos de todos os anos, numa faculdade
que tem cem formandos para cada bicho.
Minha mediunidade já melou amizades, namoros, estudo,
empregos e família. Mencione algo e eu lhe conto uma história pessoal e dezenas
de outras. Quando uma situação se delineia, ou pessoa se aproxima (é bem louca
esta parte) é como um computador: informações de todo tipo aparecem. Sabe esses
filmes norte americanos, em que o mocinho tem todo aparato doido dando
informações? Os bandidos estão chegando, o cara já sabe em quanto tempo,
quantos são, a roupa que usam o clima em Istambul, que não tem nada a ver com o
fato, a hora que a mamãe deles nasceu e coisa e tal? É assim, e quanto mais
importante a situação, ou a pessoa, a informação chega mais rapidamente. Depois
que ela para de vir, vem geralmente a pergunta “como você vai fazer?”, veja
bem, não é “o que você vai fazer”, pois nas informações já está contido ‘o
que’. O sistema mais usado é SE VIRA.
A mediunidade traria um Mundo maior, mais gente, mais coisas
acontecendo, excitante não? Mas como você vai fazer se ninguém vê o mundo que você vê? Não acreditam, não querem acreditar e são mais
felizes não acreditando. Se o problema é da sua conta, até dá vontade de resolver,
mas e quando não é? O já mencionado cara na sala não é, diretamente, problema
seu. O que sua mãe fez e com quantos fez não lhe é pertinente. Se você contar
pro seu pai, ai poderá vir a ser problema seu, pois a casa pode vir abaixo. Então, você pensa: ‘a gente só faz o que quer, ninguém me
obriga’. Bem, o LIVRE ARBÍTRIO foi o que fez a raça nossa não ser benquista no
Universo.
Ninguém, incluindo entidades, me obrigou, de fato, a fazer
nada, uma parte dos erros que cometi foi porque todo mundo tem sua quota de
m&#d@ para adubar a vida. Entretanto, muitas situações não são apenas de
limite pessoal porque envolvem os seus erros, os dos outros e tá todo mundo
seguindo o que Jesus disse, ou seja, “trate o próximo da mesma forma que você
deseja ser tratado”. Mas quem disse que as pessoas andam se tratando bem? Quem
não sabe se tratar bem vai tratar o próximo COMO? A maioria dos meus conhecidos
me enche de pavor quando me tratam bem.
Desculpe lhe dizer que nenhum médium ou filosofia irá
protegê-lo de sentir dúvida muitas vezes na vida. Muitas vezes me apavora a
possibilidade de que ao finalmente morrer e chegar ao meu destino, não encontre
nenhuma das entidades que me protegeram, ou aquelas que me perseguiram, durante
a vida. Às vezes penso: e se for tudo uma grande cascata? E se tudo for ilusão
de ótica, piração, doideira? Não é medo de ser demente, pois isso explicaria
tudo o que passei nesses mais de 40 anos. Mas e se eu for para o Outro Lado e
não reconhecer ninguém, só aquele hospitalzinho insosso, com gente que volita
(flutua em deslocamento) vestidinha de branco, tudo em paz e amor, mas só
humanos ao meu redor? Eu tenho muito medo dessa perspectiva. Muitos aspectos
dessa hipótese me amedrontam sobremaneira e é normal que você também venha a
ter as suas dúvidas de tempos em tempos.
Agora, olhando para o lado dos “vivos”, vejo inúmeras
pessoas tristes e andando como zumbis, coisa que o zumbi não é, pois é um cara
meio morto, não meio triste. Pessoas que cumprem o que acham que tem que
cumprir e continuam tristes com cara de quem comeu e não gostou. Mesmo que a
mediunidade traga suas dificuldades, também lhe dá ferramentas que permitem uma
visão ampla de todas as situações sem precisar ‘empurrar’ a vida como um zumbi.
Quando fico assim, agindo sob a pressão destas dúvidas, peço
a Eles que me lembrem de suas existências, com fineza e educação. Como adoram
mostrar que estão do meu lado, da maneira mais dolorosa possível, eu peço que
me lembrem docemente, com carinho, mas nem sempre eles me atendem. Numa das vezes
estava bem abusada, xingando-os por tudo dar errado e a resposta foi-me
“tatuarem” com pó quente de café no braço. Quando consegui arrancar o pano da
manga que havia grudado na pele vi que a queimadura havia formado o símbolo da
entidade com a qual falava.
A solidão é algo que custa caro. Então,
quando você está com o saco cheio de conviver com entidades sempre ao seu lado,
pense que quando estiverem em silêncio e não puder enxergá-los poderá ser pior.
Quando crianças estão aprontando geralmente ficam em silêncio, mas cuidado ao
pedir para vê-los. Peça, colocando todos os detalhes: quero ver no claro, sem
susto, em paz, devagarzinho. Especifique o que você quer, pois são muito ao pé
da letra e gostam de fazer entradas triunfais. Terá que aprender a viver com
eles de perto tanto os bons como os que não são. Meu avô sempre me falou sobre
isso e ele estava certo.
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