Para aceitar os nós do nosso lado, só mesmo a piedade, a
compaixão e o espírito abnegado de pessoas como São Francisco (embora ele
conseguisse falar mais com os animais que com a família dele mesmo, diga-se de
passagem). Jesus mesmo deu uns chiliques em praça pública e olha que ele é tido
como o cordeiro de Deus.
Se quem conhece minha família lesse isso iria dizer que
estou agindo de forma estranha. Somos avessos a tudo que signifique social,
sociedade, socializar, que não seja num texto de arqueologia, lá do passado
antiguíssimo. Escrever um livro seria atitude muito social, se não for um
tratado ou dicionário.
Aliás, isso você tem que reconhecer: estamos no mesmo barco,
“flutuando” numa sopa de matéria escura, num Universo que não conhecemos. Comemos
comida e bebemos água. Temos a mesma cor de sangue, mesmo que alguns pareçam
ter sangue nenhum. Quando um lado do mundo vai mal, você sofre. Se os
americanos sofrerem com crise, você vai comer menos aqui, se os coreanos
entrarem em guerra nuclear, você não verá o sol por alguns anos. Quando a
segunda guerra veio, minha bisavó materna teve de pegar fila para o leite do meu
avô, e minha avó paterna criança, do outro lado do oceano, via, neste mesmo
tipo de fila, uma mulher morrer de fome por esperar demais. Cada vez mais gente
está percebendo que somos um só povo, dentro de um planeta que nem é o maior
nem o mais importante no sistema solar. Engraçado que
todo mundo que tem irmão queria ser filho único e todo filho único reclama que
queria irmãos.
Uma bateria de um polo só não funciona. Um pêndulo não se
move para um lado apenas, e buracos negros tem seus companheiros buracos
brancos. O que seria das peças brancas do tabuleiro, se não existissem as peças
negras? Aceitar os ‘nós’ é um pouco mais fácil pois o espaço físico ajuda, mas,
em relação aos Outros isso não será tão fácil pois as leis da física funcionam
de forma diferente.
No comments:
Post a Comment