Tuesday, December 5, 2023

Dificuldades entre e com familiares

 

Já dizia o velho ditado que família é bom para tirar foto e guardar no álbum. Não é porque você nasceu num núcleo familiar específico que tem que amar por tabela. Pode ser seu pai e amigo, seu irmão e melhor amigo, e não: “bom, é meu pai, ou meu irmão, então, claro que gosto dele”. Confirmei o que estudos reencarnacionistas dizem: que família é, em geral, a união dos inimigos do passado cuja história poderia ser intitulada: “Odiou no passado ame no presente”. Irmãos são, com exceções, inimigos ferrenhos de outras vidas. Quanto mais ódio, mais tempo você terá para curtir ele agora. Gêmeos siameses são o ápice da união entre inimigos. Lembra muito aquele excelente castigo de colocar dois chatos dentro do quarto, trancá-los e dizer que só saem depois de feitas as pazes.

Então, se você sente que o seu irmão está fazendo da sua vida um inferno, ele está mesmo, não é por acaso não. Reze por ele e diga que, se não ficarem bonzinhos e resolverem nesta vida, vocês voltam juntos na próxima também, e ele ficará uma beleza contigo! Quanto mais rápido vocês se resolverem, mais rápido o karma se dissolve.

Já com o resto da família, há dois caminhos que geram a mesma quantidade de problemas: se eles aceitarem a sua condição e se eles não aceitarem. Não deixe sua mãe ler o capitulo dos cuidados gerais, porque ela não deixa você sair de casa antes dos quarenta. Como foi dito, a mediunidade é igual a outras condições hereditárias e se você não é médium é portador. Como nos filmes do Harry Poter, os caretas podem ter filhos bruxos. Tenho três filhos disléxicos, condição física que provoca dificuldades na visão, audição e, portanto dificulta o aprendizado, cujo gene veio através da família do pai e todos os três são médiuns pelo gene da minha família. Cada um tinha 50% de chance de ser disléxico e 50% de chance de ser médium, porém, todos são disléxicos e todos são médiuns, a genética não é uma maravilha?

Assim sendo, um primeiro caso seria: seus pais não são médiuns, então algum de seus avós deve ser. Eles não falavam sobre sexo, mas sobre cegonhas, e não devem, portanto, ter falado sobre a mediunidade - o que sofreram e o que lhe recomendariam. Um de seus pais acredita “nessas coisas”, mas acha que não se deve mexer com isso, o outro tem pavor. Este último geralmente é o portador. Levaram você no psicólogo, na psicopedagoga e na vizinha que teve um parente assim ou assado. Não sabem o que fazer com o seu terror noturno, pois o tio sonâmbulo é o único esquisito da família e você não parece com ele, então, como fica? Ah! Outra coisa, não fale com sua mãe sobre o homem na sala. Ela vai negar até o fim que é um namorado que faleceu e explicar porque ele está sendo obsessivo em cima dela, que é a ex, e não na viúva, é muito constrangedor.

Segundo caso, seus pais são da geração hippie, mas já cortaram os cabelos e mamãe usa sutiã hoje (depois dos 50 ela sentiu que tem que usar), acham que você tem um dom maravilhoso e querem lhe ajudar. Ótimo, mas pai, eu não gosto de Yoga e não vou fazer lavagem intestinal para purificar meu corpo do mau chi do que quer que seja. Então, seus pais estão lhe sufocando em pura energia de amor. Muitos pais não conseguem se segurar. Eu mesma não devo estar sendo fácil para meus meninos.

O terceiro caso: engloba os mais comuns: aceitam que você é diferente e não sabem o que fazer, mas vão atrás. Para eles, se você soltar gases, não houve empenho suficiente, seu e deles. A situação sai dessa forma: filha, não sei de que homem você está falando, para mim não tem ninguém na sala, mas eu vou procurar me informar e veremos o que pode ser feito e quando a situação não se resolve, vai- se a procura de ajuda especializada como seria feito em qualquer outra área.

Em todos os casos, a melhor forma de lidar com uma situação dessas é deixar o médium de qualquer idade decidir. Ele que está vivenciando a situação, sofrendo a ação das forças, dos envolvidos e seus pedidos devem ser respeitados.

Lá para os 10 anos, percebi que havia uma imensa diferença entre estar dentro ou fora de casa, pois tinha mais controle dentro. Antes dos 10 anos essa diferença não era clara já que os adultos julgam as esquisitices como sendo coisa de crianças e é mais aceito o fato delas verem “coisas que não estão lá”. Mesmo com a vinda do Kardecismo - Alan Kardec, pseudônimo de um senhor francês que juntou um pessoal e decidiu investigar, a luz da “razão”, os fenômenos do espírito sobre a matéria e que deu origem a ciência Espírita- 85% das pessoas não aceitavam mais do que anjos, demônios e amigos imaginários, e havia coisas mais importantes acontecendo entre 1960 e 1980. A revolução sexual estava dando muito trabalho, quem se importaria com uma menina falando de um homem, que ninguém mais via, na sala? Cala a boca peste! Era o recurso mais usado... e funcionava.

Quando meus modos não puderam ser enquadrados como coisa de criança e, não recebendo nenhuma ajuda para lidar com o assunto, só conseguia “dominar” a situação dentro de casa, pois ali haviam os fantasmas costumeiros, com quem brincava e outros que me faziam sofrer muito mas não cresciam em número, então aprendi a conviver com eles. Estes últimos fizeram uma parte considerável da minha infância miserável. A noite era triste, sempre ia dormir com medo. O bicho-papão teria sido bem vindo perto dos espíritos humanos desgarrados que me importunavam. A maioria desses obsessores não tem laços familiares com a criança, são autênticos FDPs que, ao morrer, querem atenção e grudam nos pequenos, pois são covardes, sabem que os veem, mas não conseguem se defender. Muitos sabem como modificar a forma e se apresentar como monstros, como um tio sacana que gosta de trazer as máscaras que comprou na loja de fantasia para sair correndo atrás da garotada na festa da família. Este não tem malícia, o obsessor tem.

Não enxergava todas essas porcarias de gente. Muitos se tornam sutis como “vultos” e assim os chamava. Hoje saberia que, se suas formas são como um lençol esvoaçante negro, são espíritos humanos que não conseguiram ser melhor do que formas chupadas, vazias de energia e chatos, extremamente chatos. Crianças com forte visão tem infâncias muito prejudicadas sem a devida proteção. Acho que o que os olhos não veem, o coração realmente não sente.

Deste tipo de obsessor, lembro-me muito de dois, pois eram constantes, um na casa que morávamos, outro na casa de praia. O primeiro ficava como que preso a um quarto que antes era uma sala de televisão, mas que, quando meu irmão menor nasceu, ficou para ele. Ele berrava feito louco quando o colocavam para dormir. Não consegui nunca vê-lo mais que um vulto muito escuro, opaco. Um lençol negro que flutuava, mas aprendi que ele não me seguia para fora do quarto, o que era um alívio.

O da casa da praia foi um FDP de verdade. Era o homem de botas. O quarto onde eu e minha irmã dormíamos era com janela para a pequena varanda para a rua. Aquela casa tinha sido de pescadores, era antiga, e pessoas contavam muitas histórias sobre o bairro. Esse obsessor, em especifico, aparecia todas as noites. Sempre acompanhado do barulho de galinhas ciscando o chão da varanda, o ar gelava, a minha espinha também. Ele chegava junto a janela e ficava nos olhando através da persiana. Era o fim, pois o pavor paralisava até a respiração. Eu só consegui por ordem no barraco com 17 anos. Cheguei na casa da praia e avisei a todos os tipos de gente morta que circulavam por ali, que quem não ajudasse iria ser retirado a força, que certos comportamentos não seriam tolerados e que não estava interessada nos motivos deles. Hoje, teria feito uma coisa mais completa, mas na época resolveu, pois até as portas que se fechavam sozinhas, pararam.

Também havia os protetores das empregadas, fortes e bem tratados, pois elas tinham contato com o candomblé e foram muito importantes para mim, que tinha um vínculo muito forte com a que cuidou de mim dos três meses aos nove anos de idade. Uma mulher belíssima, por dentro e por fora, cuja energia me protegeu muito nessa época. Quando pedi a ela que fosse minha madrinha de batismo, foi duro escutar que não poderia, pois era negra e ficaria feio entrar na igreja comigo. Chorei muito, mais ainda quando ela casou e parou de trabalhar conosco. Disseram para mim que o marido dela não queria ver a esposa trabalhando para gente branca e chorei muito mais. Essas babás tinham uma história interessante. Em termos do que eu enxergava, uma tinha uma energia muito boa, clara, vibrante, a outra era escura de vingança e sabia que era algo de que deveria ficar longe.

Dentro de casa as energias e espíritos acompanhantes se resumiam a das babás, dos meus pais, dos familiares desencarnados e de alguns amigos próximos. Então, nesse vai e vem, consegui ter uma rotina básica, pois, como toda criança saudável, dei um jeito. Isso dentro de casa...

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